quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ferréz: Cronista de um tempo ruim (Selo Povo)


Os grandes meios de comunicação adoram elogiar livros e autores de qualidade duvidosa. E se restringem, na maioria das vezes, àqueles que escrevem sempre mais do mesmo, submissos, conscientemente ou não, aos ditames do sistema.


Acabei de ler o livro Cronista De Um Tempo Ruim do escritor paulistano Ferréz, editado pela Selo Povo Editora. Não é o primeiro livro que leio do Ferréz. Já tinha admirado Capão Pecado, Manual Prático do Ódio, Ninguém É Inocente Em São Paulo, a coletânea que ele organizou com autores da Literatura Marginal, sem falar nos artigos mensais na revista Caros Amigos.

Cronista De Um Tempo Ruim reúne intensas crônicas de um escritor inconformado, revoltado, mas, nem por isso, menos poético, sobre a periferia de São Paulo. Poderia ser uma periferia de qualquer cidade grande do Brasil. É uma literatura de qualidade e sem concessões. Ferréz denuncia a miséria social, cultural e moral causada por esse sistema injusto, mantido à força pela classe dominante. Nas periferias, o governo só aparece nos camburões da polícia e na cobrança de impostos. Investimentos sociais apenas na demagogia dos discursos eleitorais.

Reproduzindo a lógica do sistema, a mídia comercial, sobretudo na programação da televisão, trata os moradores das periferias com preconceito criminoso. Encara-os sempre como bandidos ou suspeitos. Acusa-os como responsáveis pela própria pobreza. Afinal para o grande capital, a quem a grande mídia pertence e serve, as periferias não passam do resto indesejado e descartável. Só não contam que o capital criou a periferia e a usa como mão de obra barata ou quase escrava.

Cronista De Um Tempo Ruim é grande literatura. Ferréz informa, alerta, convoca ao envolvimento. Com diversos livros publicados, a literatura de Ferréz caminha ao lado das obras clássicas de Lima Barreto e de João Antonio.

Mais informações no blog da Selo Povo Editora: http://www.selopovo.blogspot.com/

Todas as fotos aqui exibidas são minhas.

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